A crise de sarampo a nível mundial é um sinal de alarme urgente para a necessidade de os países garantirem que todas as crianças, independentemente de onde vierem, tenham acesso a vacinas que salvam vidas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas evitaram pelo menos 10 milhões de mortes entre 2010 e 2015, e protegeram muitos milhões de pessoas de doenças como o sarampo, a pneumonia ou a tosse convulsa.
Segundo a OMS as vacinas têm sido uma das maiores histórias de sucesso da medicina moderna e salienta ainda que programas de imunização bem-sucedidos também permitem que as prioridades nacionais, como a educação e o desenvolvimento económico, se concretizem.
Os países de África enfrentam, também, o ressurgimento do sarampo, com surtos reportados em, pelo menos, nove países (Chade, Camarões, RD Congo, Libéria, Guiné, Madagáscar, Mali, Nigéria e Uganda) durante os últimos 12 meses. Em particular, Madagáscar sofreu um grande surto de sarampo que resultou em mais de 122.000 casos, entre Outubro de 2018 e Abril de 2019.
Doença altamente contagiosa que corresponde, em África, a 13% dos óbitos prevenidos por vacinação em crianças menores de 5 anos, o sarampo infecta nove em cada dez pessoas não vacinadas. Até 2017, apenas 16 países de África tinham alcançado mais de 90% de cobertura da vacinação da primeira dose da vacina contra o sarampo (MCV1), segundo as estimativas de cobertura da OMS-UNICEF. Desde 2016 que a cobertura da MCV1 estagnou entre 70 – 73%, a nível da região.
No lançamento da nona Semana de Vacinação em África, que se realiza hoje, em São Tomé e Príncipe, os parceiros de vacinação destacaram a importância de os países permanecerem vigilantes na luta contra as doenças prevenidas por vacinação.
O tema da Semana de Vacinação em África deste ano, “Todos Protegidos: As Vacinas Funcionam!”, destaca o poder das vacinas de salvar vidas e manter todos saudáveis, desde lactentes a idosos. A Semana de Vacinação em África, a decorrer de 22 a 28 de Abril, celebra, também, os heróis da vacinação que ajudam a expandir a cobertura dos serviços de vacinação por todas as regiões de África, desde pais e líderes comunitários a profissionais de saúde e inovadores.
Segundo Matshidiso Moeti, Directora Regional da Organização Mundial da Saúde para a África: “Devemos trabalhar em conjunto para melhorar a distribuição da vacinação, de modo que todas as crianças estejam protegidas de doenças preveníveis. Os recentes surtos da doença, a nível do continente, chamam a atenção para a urgência deste objectivo”. Realça ainda que: os “surtos de sarampo em Madagáscar e de ébola na República Democrática do Congo destacam a necessidade de maior investimento na vacinação como parte fundamental do fortalecimento dos sistemas de cuidados de saúde primários”.
As vacinas são uma das intervenções de saúde pública mais eficazes e económicas disponíveis. No entanto, uma em cada cinco crianças em África não tem acesso às vacinas necessárias e básicas que uma criança deve receber.
Mais de 30 milhões de crianças menores de 5 anos contraem, em África, doenças prevenidas por vacinação, anualmente. Destas, mais de meio milhão morrem, o que representa 56% dos óbitos relacionados com doenças prevenidas por vacinação, a nível mundial.
Em África, as doenças prevenidas por vacinação impõem, também, uma carga económica de 13 bilhões de dólares por ano, um financiamento que poderia ser utilizado para promover a economia e impulsionar o desenvolvimento.
Em 2017, os chefes de Estado de África aprovaram a Declaração de Addis Abeba sobre Vacinação na Cimeira da União Africana e comprometeram-se em abranger todas as crianças com vacinas que salvam vidas. Embora a vontade política para a vacinação seja elevada a nível da região, a Semana de Vacinação em África de 2019 é um lembrete para os países renovarem o seu compromisso e redobrarem esforços para alcançar o acesso universal às vacinas.
No lançamento da Semana de Vacinação em África, os parceiros enfatizaram a necessidade de passar do compromisso à acção, através do aumento do investimento nacional na vacinação e da melhoria do acesso às vacinas nas zonas de difícil acesso.
A Semana de Vacinação em África é um período de galvanização para a região, em que milhões de pessoas têm acesso às vacinas e rastreios importantes. Também é um momento para convocar os defensores da vacinação a incentivar os governos a manterem a vacinação no topo das suas agendas nacionais e regionais.
Segundo Evaristo do Espírito Santo Carvalho, Presidente de São Tomé e Príncipe: “Todos têm um papel a desempenhar para garantir que as crianças e as comunidades tenham acesso aos serviços de vacinação que necessitam, desde políticos e defensores da comunidade a profissionais de saúde e pais. Espero que a Semana de Vacinação em África incentive cada um de nós a fazer a sua parte e que estes esforços colectivos impulsionem o progresso em toda a região”.
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